Esta foi a forma encontrada por um casal cambojano, para repartir sua casa, ao se divorciar.
O casamento, tal conhecemos, que envolve amor e sentimento é relativamente novo em nossa sociedade. Antes disso era um contrato social, onde havia deveres a serem cumpridos e direitos a serem exigidos. Casamento era algo cultural, que unia homem e mulher, para que tivessem filhos reconhecidamente daquele pai.
É isso que encontramos no Evangelho de Marcos, quando Jesus fala contra o divórcio. Ali, o direito da mulher, de sobreviver na velhice, estava sendo desrespeitado. No divórcio da época, o homem se desvinculava da esposa por qualquer motivo. E com isso, ela se encontrava desamparada, já que todos direito à propriedade, a trabalho eram dos homens.
Quando Jesus se posiciona contra o divórcio, ele denuncia esse rompimento de contrato e fala da necessidade de apoio familiar - que começa com a "nova" família, e não precisa dos vínculos anteriores: "deixa a casa de seu pai e junta-se com a mulher".
A religião cristã "fortaleceu" o contrato social. Abençoou união, e fez, no caso da igreja romana, do casamento um "sacramento". Faz parte de mais um passo em direção ao amor de Deus, diz-se. O casamento que conhecemos no ocidente envolve sentimentos.
A igreja luterana aceita o divórcio. Sabe que, por envolver sentimento, traz sofrimento. Agora não mais focado no direito da mulher, mas se diz que homens e mulheres sofrem ao passar por um divórcio. Terapias são indicadas, acolhimento é indicado para que o sofrimento possa ser superado em menos tempo. O contrato civil é feito em cartório, e na igreja se recebe uma "bênção". Não é um "sacramento".
Essa bênção também acontece "até que a morte os separe". Mas se entende que as pessoas se modifiquem, mudem seu jeito de pensar e de viver, e... se divorciem.
Claro que existe ali, uma preocupação pelos direitos - de filhos e filhas principalmente, da mulher, do homem... Por isso que se diz que divórcio é um jogo de advogados... são eles que irão representar os direitos do casal... e separar os bens (até do jeito da casinha da foto acima).
Mas encarar o divórcio como "separação de sentimentos", nos encaminha para outras reflexões. A vida das pessoas não pode estar a mercê de uma ligação amorosa. Ela precisa estar vinculada à Vida. Cada pessoa, chamada por Deus a ser seu filho, a ser sua filha precisa saber que o amor de Deus é muito maior do que qualquer amor que experimentemos em nosso cotidiano.
E aí, qualquer pessoa que tenha a certeza do amor de Deus - e desse sim, ninguém separa - pode amar, deixar de amar, sofrer rejeição, amar de novo.
Quando Lutero explica o primeiro mandamento, ele o faz assim: "devemos temer e amar a Deus e confiar nele acima de tudo". (O pastor que dirigia meu "Ensino Confirmatório" enfatizava: "esse 'tudo' são coisas e pessoas!") Nossa confiança maior não pode estar no nosso "modo de vida", nem em nossas projeções adolescentes, nem em nossos relacionamentos.
A liberdade - presente maior de Deus em nossas vidas - não pode sucumbir diante de um casamento ou de um divórcio.
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